Crônicas, contos e narrativas do passado, de gente que vive na ilha do Pico, ou estão espalhadas pelo mundo e tem muitas estórias para contar. Mande seu conto.

sábado, 10 de dezembro de 2011

CINQUENTA ANOS DE INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS

 Autor: Francisco Medeiros
Os Picarotos são por natureza um povo pacífico, que ao longo dos séculos nunca teve tempo para reivindicar direitos, que teimosamente lhes vão fugindo, nem se envolveu em actos menos aconselháveis, que pusessem em causa a sua honestidade e rectidão de princípios.
 Quem chegou a uma ilha com pedra por todos os lados e continuou corajosamente sem desistir, conseguindo sobreviver, prerrogativa de Homens de rija têmpera e ânimo, que ao longo dos anos foi moldando o seu carácter de sã convivência com os seus irmãos.
A gente do Pico é pacífica desde do seu povoamento e, sempre que foi confrontada com adversidades de vária ordem, soube sempre dar a volta por cima, não só quando as calamidades assolavam a ilha mas também quando eram explorados e saqueados por gente sem escrúpulos, em deferentes épocas.
Até aos nossos dias, muitas iniciativas económicas, algumas estranhas ao Pico, tiveram e tem nesta Ilha a fonte dos seus rendimentos, que vão dividindo com os naturais da Ilha.
Sempre assim foi desde épocas remotas: Nos vinhos, nas aguardentes, no óleo de baleia, na exportação de gado, na pesca, na construção naval,  exportação de madeiras e  sobretudo as remeças em dinheiro dos emigrantes pesavam  nas economias familiares. 
A partir da segunda metade do século XX a população do Pico sofreu uma grande transformação no viver das suas gentes. Foi o Vulcão do Capelinhos em 1957 que provocou uma onde de emigração de centenas de Picarotos. Os sismos de 1973 e 1998 que destruíram muitos lares, em várias freguesias da Ilha mas, apesar da situação calamitosa porque passaram muitas famílias, os planos de reconstrução das habitações vieram melhorar as condições de habitabilidade daquelas populações.
Com a revolução do 25 de Abril em 1974 e a consequente mudança do sistema governativo, fizeram-se grandes melhoramentos e investimentos, em pequenos portos da Ilha, a construção do porto comercial em S. Roque, o porto de Madalena e o aeroporto do Pico.
Procedeu-se à reconstrução e melhoramentos de alguns troços da Estrada Regional em toda a volta da Ilha. Construiu-se a estrada transversal e longitudinal do Pico. Abriram-se centenas de quilómetros de caminhos florestais e em consequência a agropecuária sofreu uma profunda transformação com os investimentos públicos e privados.
Todo o comércio da Ilha se modernizou com o aparecimento de novos produtos, ferramentas, materiais de construção e foram instalados supermercados.
Os Municípios sofreram grandes transformações, vieram para a rua, abriram arruamentos, as ruas andam limpas, procedeu-se há instalação domiciliária de água. Instalaram-se centrais de produção de energia eléctrica e construíram-se redes de distribuição domiciliária de electricidade.
Construíram-se novos edifícios escolares em toda a Ilha, e foi instalado o ensino secundário nos três concelhos. Acabou o vai e vem de alunos na travessia do Canal, todas as semanas.
Como não podia deixar de ser, aquela que foi a Caixa Económica Picoense, que ajudava os Picarotos, estabelecida do Concelho da Madalena e que funcionava com um só funcionário, expandiu a sua actividade pelos outros conselhos do Pico. Acabou por ser absorvida por uma Instituição Bancária de maior dimensão.
 No Tempo, a gente do Pico atravessava o Canal para contrair empréstimos no Banco de Portugal, onde, com muita frequência, o Gilberto levava as letras e o dinheiro para pagar as prestações. Era nas duas algibeiras de cima da “Froca” que transportava o dinheiro, fechadas com um alfinete de fralda.
Para apoiar todo aquele desenvolvimento, foram aparecendo na Ilha do Pico outras instituições bancárias. Hoje a ilha tem 8 instituições, que foram estabelecendo agências nas sedes dos Concelhos, havendo uma freguesia com dois balcões, a Piedade. Toda elas guarnecidas com funcionários, quase todos Picarotos e quando digo Picarotos, falo de gente honesta, simpática, com mostras dadas, que me aturam, conhecem todos os clientes e são deles conhecidos.
Não há notícia de ter havido, nesta Ilha qualquer tentativa de arrombamento ou assalto a qualquer instituição bancária, bem pelo contrário, temos notícias de assaltos a bancos, com pomposos nomes: desfalques, desvios, fraudes, comissões de gestão... mas, em outras paragens mais desenvolvidas e vindas do seu interior.
Vila de São Roque do Pico
Novembro de 2011
Email do Autor: Francisco Medeiros



domingo, 20 de novembro de 2011

OS TRANPORTES MAIS CAROS DO MUNDO E FALTA DE ESTRUTURAS NOS PORTOS


Autor: Francisco Medeiros

No final do mês de Setembro, mais precisamente no dia 26, pretendi deslocar-me da Terceira para o Pico, acompanhado de minha mulher, no voo Sata das 16:55 horas. Como estavam previstos fortes aguaceiros, inclusive à chegada ao Pico, preferia viajar de avião, por ser mais rápido e com a vantagem de ter garantidos, resguardos à saída e chegada, em vez de viajar no navio da Atlanticoline, como esta previsto inicialmente.

Cerca das 10:00 horas disquei o número para a loja de vendas da Sata mas, depois de várias tentativas, do outro lado da linha ninguém me atendeu! Possivelmente por terem fechado a loja! Tive a tentação de comunicar com um amigo que mora em Angra, ali perto, para ir lá fazer a marcação ou ver se estava alguém na loja, nem que fosse chegar junto à porta, ver um cartão muito em uso, VOLTO JÁ, nas lojas onde só há um único trabalhador.

Procurei outro número o 707227282, reservas e vendas. Pensei cá comigo, este número não parece das redes telefónicas dos Açores! Não estava em causa o custo da chamada mas sim a compra de duas passagens, para dois adultos. Disquei o número e qual não foi a minha satisfação, pela rapidez do atendimento. Do outro lado, ouço a voz de um homem a dar-me as boas vindas, em Português e depois a voz de uma mulher em Inglês. Imagine que até me perguntou se era cliente da Sata? Pois não conheço outra empresa a operar nos Açores! Mas eu estava completamente enganado. Era um atendedor de Chamadas. Indicou-me uma série de números que eu devia marcar no telefone, conforme o serviço que pretendia, a sua chamada vai ser atendida dentro de momentos! Depois voltou à cantilena anterior e eu estive para ali dependurado até que, quando estava para desistir, aparece a voz de uma funcionária, por sinal muito simpática, que finalmente me atendeu!
A marcação de passagens por aquele número não está acessível a todos os Açorianos, que utilizam os transportes aéreos no Arquipélago, pois uma grande parte não consegue marcar passagem por aquele sistema, só numa das lojas de vendas de passagens ou nos aeroportos!
Porque é que não põe um/a telefonista com presença física a atender chamadas e a encaminha-las para os diversos serviços. Olhem que não é muito caro, há muita gente desempregada que com o ordenado mínimo nacional 475,00€ formariam bicha para o concurso. Não era preciso aumentar o orçamento da empresa bastaria tirar aquela importância ao que dão a algum quadro superior do conselho de administração!
Quando do outro lado me atenderam, disse o que pretendia: Que não. Não havia passagens, o voo Terceira/Pico já estava cheio, só se quisesse ficar em lista de espera, mas para o dia seguinte tinha lugar etc…etc…à mesma hora. Que o custo de cada passagem era de (81 euros) Oitenta e um euros (16.200$00) dezasseis mil e duzentos escudos, mais não sei quanto....
Fazendo as contas por alto multiplicado por 60 passageiros, segundo a capacidade do avião, dá a módica quantia de (972.000$00), novecentos e setenta e dois mil escudos. Bom frete. Num percurso de cerca de 60 milhas com a duração de cerca de 30 minutos. Com mais uns pozinhos, dos que vinham de Ponta delgada, possivelmente rondariam o milhão de escudos?

Com 81,00€ euros compra-se uma passagem Sata Terceira-Pico. Apenas com 24 euros consegue-se comprar uma passagem Lisboa-Londres. Alguém me consegue explicar tão grande diferença? Será que os açorianos são mais tolerantes que os outros?

Naquele dia 26 tinha saído o navio de passageiros da Atlânticoline, de Ponta Delgada até à Horta.

Veio-me à memória a Agenda marítima da R.D.P. Açores , dos anos 50, em que o locutor Vitor Cruz noticiava: - Com escala para as Ilhas de Baixo saiu esta manhã do Porto de Ponta delgada, Paquete  Carvalho Araújo. Bons tempos, pelo menos havia navios de passageiros com escalas regulares todo o ano e em todas as Ilhas desde Santa Maria ao Corvo.

Sem outra alternativa, munido de uma passagem que me tinha custado 12,00€.ida e volta, embarquei naquele navio. Ao chegar a bordo verifiquei que possivelmente não tinha nem metade da sua lotação! Como é que havia tanta gente para encher um voo Terceira Pico, naquele dia 26?

Ainda gostava de saber quantas pessoas embarcaram na Terceira com destino ao Pico, no dia 26. Até era possível o voo estar cheio. Cheio com aqueles passageiros que, embora não queiram viajar nos transportes mais caros do mundo, estão presos pelo queixo, se não, não chegam a lado nenhum: - E é se queres, ou vai a nado! São os que vem das ligações com outros voos, que chegam ao destino e, por vezes as malas teimam em não acompanha-los. Que ficam a secar, pelos aeroportos à espera do voo, que vão aos restaurantes e utilizam o os transportes terrestres, dando um ar cosmopolita às capitais de Distrito.
Distritos que no aspecto socioeconómico continuam a existir, quando o governo se prepara para acabar com os Distritos no continente que, como disse um político comentador de TV: Não servem para nada, só servem para passar umas licenças a estabelecimentos comerciais. Só tem arruinado o erário Público e, os estabelecimentos comerciais têm acabado na falência?

Como estava previsto a situação meteorológica, não falhou! Pouco depois de o navio atracar, cerca das 22.00 horas e logo após os passageiros e as respectivas bagagens terem saído na rampa de lançamento do navio, que por sinal oferece um rápido embarque e desembarque dos passageiros, veio um forte aguaceiro que encharcou todos os passageiros. Parecia um pandemónio. Toda aquela gente, encharcada, à procura das suas bagagens que apesar de cobertas, no carro que as transportou para o cais acabaram por ficar todas alagadas!
De onde os passageiros desembarcam até alcançarem os transportes, são umas dezenas de metros e enquanto não se fizerem instalações convenientes para apoio ao embarque e desembarque de passageiros nos portos dos Arquipélago, vamos continuar a ficar ensopados, com todas as consequências para a saúde das pessoas, que possam advir.

O que ali se passou poderia ter sido evitado com um abrigo para passageiros construído com uns pilares e uma placa em betão armado apoiada no muro de cortina de brigo ao molhe! O piso, em S. Roque do Pico, tem 25 metros de largura e nos outros portos a largura é sensivelmente a mesma ou mais e o abrigo não prejudicaria as operações de carga.

Esta carência existe em todos os portos de escala dos navios de passageiros: Na Praia da Vitoria, na Praia da Graciosa, nas Velas, em São que do Pico, na Horta e Lajes das Flores. Possivelmente o mesmo não acontece em Ponta Delgada, nas tão faladas portas do mar que não conheço pois nunca lá estive.
Em S. Roque do Pico e na Praia de Vitória foram inaugurados uns pequenos edifícios onde vendem bilhetes – chamam aquilo gares marítimas? Estas instalações, têm muito que se lhes diga quando chove, pela incomportável capacidade, para passageiros e bagagens.
É que para vender bilhetes bastava uma barraca igual à que o Júlio Marcos vendia bilhetes, há mais de sessenta anos no Porto da Madalena.
Vila de São Roque do Pico
Setembro 26

- Nota do WebMaster: Incrivel! Aqui no Brasil é mesma coisa. Vamos competir pela melhor incompetência e pelos custos mais altos do mundo.
Emanuel David Avelar Goulart

Carta de Leitores


Caro Sr. Francisco Medeiros,
Gostaria, em primeiro lugar, de felicitar-lhe pela interessante recolha e compilação de informação sobre a história dos Açores, transmitida nas excelentes narrativas que tem publicado no blog “À sombra do Vulcão”. Como membro do Observatório do Mar dos Açores (OMA), na Fábrica da Baleia de Porto Pim, tenho desenvolvido nos últimos meses investigação sobre a história da baleação açoriana, centrando-me em particular nas ilhas do Faial e do Pico. Actualmente, sou um dos responsáveis pelo projecto museográfico de recuperação da antiga Casa dos Botes do Porto do Comprido, que tem vindo a desenvolver-se desde Março de 2011 e prevê-se estar concluído no final do ano. A antiga casa dos Botes albergará uma exposição permanente que explicará as origens do porto do Comprido e a sua importância como posto baleeiro.
Muito obrigado, com os melhores cumprimentos

Francisco Henriques – Ilha do Faial Açores

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Vencedores do Prêmio Açorianos de Literatura 2010

Pela primeira vez na história do Prêmio Açorianos de Literatura, a categoria Livro do Ano teve como vencedor uma obra de poesias, que  foi a do escritor Marco de Menezes, com  “Fim das Coisas Velhas”, da editora Modelo de Nuvem. O 17º Prêmio Açorianos de Literatura e o 1º Prêmio Açorianos de Criação Literária foi entregue na noite de segunda, 13, em cerimônia no Teatro Renascença. 192 livros e 63 coletâneas inéditas foram analisadas por um corpo de jurados composto por 30 personalidades do meio cultural. A premiação, que teve a direção de Rene Goya Filho, foi apresentada por Nico Nicolaiewsky e Hique Gomez, do Tangos e Tragédias. Os premiados  em cada categoria foram:

LIVRO DO ANO:
FIM DAS COISAS VELHAS, de Marco de Menezes, Editora Modelo de Nuvem.
CRIAÇÃO LITERÁRIA:
Marcel Citro - TRAVESSIA - QUINZE CONTOS PEREGRINOS
Saiba mais

sábado, 22 de outubro de 2011

Orgulho de ser português

por David Avelar
De um país tão pequeno surgir um amor tão grande pela sua História, que o faz que preservar espetacularmente o passado sempre vivo. Mais do que nunca a imagens falam por si, e pedem licença para adentrar em suas mentes.
Tenha uma boa viagem,





Visita virtual aos museus portugueses. Espetacular!!!


Links directos

Mosteiro dos Jerónimos - Lisboa
http://3d.culturaonline.pt/Content/Common/VirtualTour/Index.htm?id=75047666-4597-4a28-ae77-9b7567c4732b

Convento de Cristo - Tomar
http://3d.culturaonline.pt/Content/Common/VirtualTour/Index.htm?id=82e66d80-439e-4f29-bc9b-576e98efee57

Mosteiro da Batalha
http://3d.culturaonline.pt/Content/Common/VirtualTour/Index.htm?id=42bb5d98-e786-4f02-bb5f-2aa349af28dd

Mosteiro de Alcobaça
http://3d.culturaonline.pt/Content/Common/VirtualTour/Index.htm?id=c26617b5-acd3-422e-998f-5bd163a99efc

Links indirectos
Depois de entrar na pagina click em visita virtual

Fortaleza de Sagres
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Monumentos/Pages/Fortaleza_Sagres.aspx

Mosteiro Santa Clara Velha - Coimbra
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Monumentos/Pages/Mosteiro_Santa_Clara_Velha.aspx

Mosteiro de São Martinho Tibães - Braga
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Monumentos/Pages/Mosteiro_Sao_Martinho_Tibaes.aspx

Museu Grão Vasco - Viseu
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Museus/Pages/M_Grao_Vasco.aspx

Museu Nacional do Azulejo - Lisboa
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Museus/Pages/M_Nacional_Azulejo.aspx

Museu Nacional de Arte Antiga - Lisboa
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Museus/Pages/M_nacional_arte_antiga.aspx

Palácio Nacional da Ajuda - Lisboa
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Palacios/Pages/PN_Ajuda.aspx

Museu Soares Dos Reis - Porto
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Museus/Pages/M_Soares_Reis.aspx

Palácio Nacional de Mafra
http:/
/www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Palacios/Pages/PN_Mafra.aspx

Palácio Nacional de Queluz
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Palacios/Pages/PN_Queluz.aspx

Palácio Nacional de Sintra
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Palacios/Pages/PN_Sintra.aspx

Torre de Belem - Lisboa
http://www.culturaonline.pt/MuseusMonumentos/Monumentos/Pages/Torre_Belem.aspx


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sábado, 15 de outubro de 2011

ARQUIPELO DOS AÇORES DOS FACHOS AOS FARÓIS

Autor: Francisco A. Medeiros
No arquipélago dos Açores dos Açores após o povoamento, todas as Ilhas eram bordejadas por navios corsários ou de piratas que praticavam saques e pilhagens aportando a praias, baías ou enseadas, para saquearem os haveres das populações, pelo que estas para se prevenirem na guarda dos seu haveres, tiveram que montar vigias de dia e de noite em locais elevados que alcançassem um vasto e amplo horizonte.
Os navios piratas eram, uma ameaça constante nos mares entre os séculos XVI e XVIII.
Os indivíduos escolhidos para esta tarefa eram chamados de “vigia do facho” tinham conhecimentos para distinguir os navios que abordavam as praias ou costa. Tinham ainda outra função a de a de acender o facho convencional aos barcos de transportes de passageiros e mercadorias assinalando a localização dos Portos para embarque ou desembarque, durante a noite.

Os “fachos” eram acesos durante à noite quando se aproximavam barcos e de dia colocavam uma bandeira em locais visíveis às populações. Estas elevações passaram a chamar-se pico do facho, cabeço do facho ou somente facho. No arquipélago São conhecidos os “Pico do Facho” na Ilha da Graciosa , o Pico do Facho na Ilha da Santa Maria e o Pico do Facho no Monte Brasil na Ilha Terceira. Há ainda o Facho próximo de um caminho a que chamam a volta do facho numa elevação sobranceira à freguesia de Ponta Delgada na Ilha das Flores, o Pico Facho na Ponta da Espalamaca elevação sobranceira ao Norte da baía da Horta e o Cabeço do Facho ao Oeste do Farol da Ribeirinha na Ilha do Faial. Ainda na Ilha Terceira há o Facho, elevação ao Norte da baía da Praia da Vitória, hoje conhecida como o Miradouro do Facho, onde foi erigido um monumento a que dão o nome de Santa do Facho.
É possível que existam outros pontos elevados no Arquipélago que tenham servido para neles se acenderem fachos, mas não foi possível saber-se.
Qualquer destas elevações, de valor histórico, é hoje autêntico miradouro acessível a quem as queira visitar, pois abrangem belas panorâmicas.
No Continente português, terá sido construído na Foz do Douro em 1527, um Farol de Fogo e Facho em conjunto com Capela de São Miguel o Anjo, considerado a mais bela relíquia da farolagem portuguesa ao que parece o mais antigo de Portugal e um dos mais antigos da Europa foi mandado construir pelo Bispo de Viseu D. Miguel da Silva.
Em 1957 ainda lá estava o local onde se acendia o fogo a servir de facho.

Com o evoluir da navegação e civilização, foram desaparecendo os fachos e em seu lugar foram aparecendo os Faróis .nome por que são designados na gíria marítima todas as luzes que servem para guiar a navegação, assinalar posições em terra, a proximidade de locais perigosos para a navegação, assinalar Ilhéus, baixios ou bancos e ainda os colocados em bóias flutuantes, no chamado sistema de balizagem para guiar a navegação no percurso em canais, ou rios.
Actualmente, quase todos os faróis usam a energia eléctrica, mas nem sempre foi assim .
No inicio eram utilizados vários produtos como lanha, carvão, óleos de origem animal, nomeadamente o de baleia, e petróleo este só apareceu na segunda metade do século XIX, e alguns farolins utilizavam gás butano. Há ainda outros que actualmente usam painéis solares De referir, que existem faróis, que funcionam automaticamente com aparelhos tão complexos, que realçam onde pode ir a imaginação humana.
A palavra Farol, deriva da palavra grega Pharus nome que era dado à pequena Ilha com o mesmo nome, ligada por uma represa ao porto de Alexandria no Egipto. As condições perigosas para os navegantes e a costa pantanosa na região obrigou a que fosse construído um Farol que foi inaugurado em 270 anos a.C. No alto do Farol foi montado um espelho cuja reflexão durante o dia podia ser visto a mais de 50 quilómetros e durante a noite sobre um pêndulo ardia uma fogueira de lanha ou carvão.
Construído em pedra e revestido mármore branco o ponto mais alto atingia mais de cem metros. O Farol da Alexandria pela sua fama passou a integrar uma das sete maravilhas do Mundo no século VI da nossa era.
O mais antigo farol em Portugal constante de uma lista oficial de faróis, data de 1772, construído no Cabo da Roca e o mais antigo dos Açores foi construído em 1876, na Ponta do Arnel na costa Oriente da Ilha de São Miguel.
Só em 1892 é que os Faróis, passaram para o Ministério da Marinha, com um quadro de pessoal próprio, devidamente habilitado com conhecimentos de todos os sistemas de iluminação.
Hoje existem nos Açores e no continente faróis instalados em edifícios de rara beleza arquitectónica.

Esta é uma homenagem a todos os meus parentes, nove tios e primos que em três gerações, desempenharam as funções de FAROLEIROS nas Ilhas do Arquipélago do Açores, com excepção do Corvo. Um dos quais António Medeiros se encontrava no Vulcão do Capelinhos, quando se deu a Erupção Vulcânica em 1957.

Email para o autor:
Francisco A. Medeiros

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Estação Baleeira de Santo Amaro do Pico

 por Francisco Medeiros
Embora não se saiba ao certo a data do início da caça à baleia em Santo Amaro na ilha do Pico, a mesma terá começado nos finais do século XIX. Sabemos que em 1898 existiam duas armações baleeiras: uma pertencente a Manuel José Teixeira e Outros, que era conhecida pela Companhia Baleeira dos Teixeiras, e uma outra de Baltazar Luís Sarmento e Outros. Nestas duas armações grande parte dos baleeiros também era sócia.
Os botes conhecidos tinham os nomes de Santo Amaro, Santa Ana, São Joaquim, Santo Agostinho e Espírito Santo.
Foram oficiais destes botes, mestre Manuel José Teixeira, Estulano Nunes Teixeira, José Francisco d'Ávila, José António de Matos, este ao tempo com 81 anos de idade, João Luís, Amaro Nunes e José Teixeira Soares, este oficial baleeiro de renome tinha a alcunha de Caçapinha, embarcou de salto da marca das cavalas pela calada da noite numa baleeira americana, onde exerceu a caça à baleia.
Dos trancadores, pela sua destreza, destacou-se Manuel Lopes, que mais tarde também foi oficial. Este Manuel Lopes foi condecorado com a medalha de Socorros a Náufragos pela Rainha D. Amélia aquando da visita Régia à Horta, em 28 de Junho de 1901, por ter salvado, junto ao Porto de Santo Amaro, duas moças, uma de Santo Amaro e outra da Ribeirinha, que foram apanhadas por uma vaga de mar ao passar pelo varadouro, quando iam para a escola, que funcionava junto ao Porto.
Outro trancador foi António Costa, que desapareceu preso à linha do arpão depois de trancar uma baleia, acidente ocorrido, em 2 de Outubro de 1917. António Costa era pai de José Teixeira Costa, que possuía em Santo Amaro do Pico um estaleiro de construção naval.
 Após este acidente, os baleeiros suspenderam a caça à baleia em Santo Amaro do Pico motivados pelo pesar dos familiares.
Conta-se que, depois de a baleia ter sido rebocada para terra, os baleeiros quando procediam ao seu esquartejamento tentaram procurar o inditoso baleeiro nos intestinos da baleia, mas foram infrutíferas as suas diligências.
Em Santo Amaro a vigia de baleia situava-se no Caminho de Cima e abrangia uma curta área do canal Pico/São Jorge, limitada à potência dos óculos de alcance e binóculos ao tempo utilizados.
A vigia era feita alternadamente nos meses de Verão, quando o tempo o permitia, pelos baleeiros com mais experiência. Destes baleeiros vigias os que mais se distinguiram foram o Manuel Grande, que também foi oficial baleeiro, o Manuel Lopes, que era trancador e mais tarde foi oficial, o Manuel Jacinto, o Manuel António de Oliveira, o António Costa e outro com a alcunha de Carapanta, que também foi oficial baleeiro.
Há ainda a referir em Santo Amaro do Pico mais dois oficiais baleeiros, Manuel António da Terra e Ricardo Vargas, a quem foram concedidas cartas de oficial baleeiros em 1920 e 1921, respectivamente.
No tempo as baleias eram rebocadas para o Porto pelos próprios botes, onde eram esquartejadas. Os toucinhos e as gorduras eram derretidos em caldeiros a fogo directo, em instalações cobertas, do lado Oeste do Porto Santo Amaro, junto à costa. Consta que naquela estação baleeira, no século XIX, terão sido derretidas baleias caçadas por uma Armação Baleeira da Calheta do Nesquim.
A caça à baleia em Santo Amaro do Pico terminou em Outubro de 1917, na sequência do referido acidente.
Alguma desta informação, foi-me fornecida por marítimos de Santo Amaro do Pico, alguns já falecidos.
Vila de São Roque do Pico
Julho de 2011-07-31

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