por Francisco Medeiros
Na Ilha do Corvo em 1959, existia uma estação
de correios dos CTT., no edifício da Estação Meteorológica do Corvo situado a
cerca de um quilómetro da Vila em local sobranceiro ao pontinho da areia com um
funcionário Manuel Patrício, chefe da estação, e um carteiro, de nome Jorge
para onde era encaminhado e recebido todo o correio.
No dia que o navio escalava o Corvo, pelo menos uma
pessoa de cada casa se deslocava à estação, para receber correio, quando assim
não acontecia a distribuição era feita no outro dia.
A Estação dos
Correios estava ali instalada em virtude daquela Estação Meteorológica possuir um
rádio de comunicações TSF, pelo sistema Morse, operado pelo chefe, por onde
eram transmitidos e recebidos todos os telegramas.
A Ilha do Corvo possuía uma das mais
importantes estações meteorológicas do Arquipélago, e possivelmente do
Atlântico Norte. Funcionando em regímen de observações, 24 horas dia, com 4
Observadores Meteorológicos: Fernando Rocha, Óscar da Rocha, António Luis André
e Carlos Corvelo e um contínuo Manuel Joaquim Vicente, que também fazia
observações.
Da leitura dos aparelhos de observação de hora
a hora, era elaborada uma mensagem em código com grupos de cinco algarismos,
transmitida pelos observadores pela TSF. A mensagem era transmitida para a
Estação Radionaval das Flores, passava pela Estação Radio Naval da Horta e dali
até centro de Previsão em Santa Maria que elaborava a previsão para todo
Arquipélago.
Não havia telefones nem comunicações radiotelefónicas
com o exterior.
Outros
meio de comunicação com o exterior, além do navio Carvalho Araújo, que
mensalmente escalava a Ilha, havia os navios Cedros e Arnel da Empresa Insulana
de Navegação. Estes navios por vezes não tinham contacto com a Terra em virtude
das condições do tempo não o permitir. Quando assim era provocava algumas
carências de bens alimentares e outros.
Além dos navios havia uma pequena lancha a
motor de boca aberta de Gregório Luis André, policia reformado, que era seu
proprietário e mestre. Esta lancha fazia contactos entre a freguesia de Ponta
Delgada e a Vila de Santa Cruz das Flores, pois aquela freguesia a mais
Ocidental de Portugal não era servida por estrada. Esta lancha fazia algumas
viagens à ilha do Corvo, transportava a mala de correio, alguns passageiro e
pequenas encomendas.
Os barcos do Corvo que faziam o transporte de
mercadorias e passageiros aos navios que faziam escala na Ilha, também quando as
necessidades a isso obrigavam faziam algumas viagens às Flores.
Eram armados com 4 remos, utilizavam uma vela
latina triangular, suportada por uma vara em madeira, fixa pelo meio a um curto
mastro na bancada central.
Fiz uma
viagem num destes barcos do Corvo para Santa Cruz das Flores, que durou quatro
horas num percurso de 15 milhas. Viagem com pouco vento, que de vez em quando
amainava, ficando o barco parado. Recordo-me que com a sua fé os tripulantes
oravam à “Coroinha” de São Lourenço, para que mandasse vento mas com moderação.
Quase todas as famílias possuíam um recetores de rádio
alimentado a pilhas ou baterias carregadas com aérodinamos de onde ouviam
notícias.
De uma maneira geral o Corvino procuravam
informar-se do que se passava no Arquipélago e no País. Além disso alguns
recebiam revistas e jornais que chegavam do exterior.
Vila de São Roque do
Pico
Maio de 2012