EM MEMÓRIA DO MESTRE JOSÉ MEDEIROS.
Autor: Francisco Medeiros
Desapareceu do nosso convívio mais um, “Mestre do Canal”. O nosso “CANAL”!*
O Mestre José Medeiros da Rosa Júnior, falecido no mês findo (abril 2002) na Cidade da Horta.
Como ele disse um dia, com um pouco de humor atravessou o canal em “cinquenta mil viagens”, muitas delas, em más condições de mar, quase atingindo o limite da segurança, para transportar doentes em risco de vida, para o hospital da Horta.
Foi numa “Terça-feira do Espirito Santo” há quatro ou cinco anos, no adro da Igreja de Santa Maria Madalena, que me contou, uma autentica odisseia com a lancha “CALHETA”, para retirar de bordo de um navio estrangeiro, um doente em risco de vida, num dia que não foi possível atravessar o Canal, em virtude, do mau tempo do Noroeste ter “tapado” os portos da “Fronteira”.
Acompanhado de um interprete, conseguiu pela rádio, dar indicações ao Comandante, para este posicionar o navio da melhor forma, para retirar de bordo o doente, tendo a tentativa sido coroada de êxito, com o desembarque do doente amarrado a uma maca .
Antes da Construção do actual Porto da Madalena, que veio melhorar as condições de embarque e desembarque de passageiros em segurança, após cinco séculos do povoamento desta ilha, as lanchas do Pico, recorriam não só aos portos da “Fronteira”; Madalena, Areia Larga e Calhau, mas também aos Portos do Cais do Pico, São Mateus e Prainha do Galeão. Portos que pela dificuldade da sua praticabilidade, com mau tempo, fez dos tripulantes das lanchas do Pico, grandes marinheiros, muitos deles pela sua tenacidade, faziam-se ao mar com espirito de bem servir para salvar vidas, tornando-se autênticos heróis. Cabe aqui referir que nunca ficou por transportar para a Ilha do Faial, sempre que tempo o permitia, a qualquer hora do dia ou da noite, um doente que tivesse de ser atendido de urgência no Hospital da Horta.
Muitas “histórias” há para contar, acerca de barcos e marinheiros do “Canal”, algumas com sabor a odisseia trágico-marítima, onde homens de rija tempera, tisnados com o sal do canal, se tornaram mitos na arte de navegar que ainda hoje perduram na nossa memória.
O José Medeiros era um homem da “Fronteira”, nasceu na Areia Larga freguesia da Madalena na Ilha do Pico, a 6 de Fevereiro de 1933, duma família de pescadores, também ele, filho de mestre de “Canal” o Mestre José Medeiros da Rosa, quando as Lanchas eram propriedade dos Lourenços.
Ainda muito jovem, como os seus antepassados, enveredou pela vida do mar onde começou envolver-se na actividade de pescador aprendendo a conhecer e a lidar com o mar.
Durante 27 anos foi tripulante da Empresa das Lanchas do Pico, dos quais, os 3 primeiros como Motorista e os restantes como Mestre e algum tempo dos “Cruzeiros” da Empresa Transmaçor”, proprietária da Empresa das Lanchas do Pico.
Conta-se que numa dessas viagens a lancha “Espalamaca”, ao chegar debaixo de mau tempo ao Porto da Madalena, tendo como mestre o José Medeiros, este dirigiu-se ao Gerente Sr. João Quaresma dizendo:
- Ó Senhor João, as janelas do lado de estibordo da cabina de proa da “Espalamaca”, estão a meter água e os passageiros estão a queixar-se !
Ao que o Sr. João Quaresma respondeu:
- Ó José, as janelas das lanchas, se não metessem água ,as carreiras eram feitas com “Camionetas”.
O José Medeiros, encontrava-se na situação de reforma, e residia na Freguesia das Angustias da Ilha do Faial, tendo falecido após doença prolongada, no dia 21 de Abril findo, com 69 anos de idade.
É tempo de se começar a pensar em “Homenagear”, os MARINHEIROS ANÔNIMOS DA ILHA DO PICO, , que passaram e passam pelo “Canal”: e dele fizeram o seu local de trabalho: “Mestres” “Marinheiros” e “Pescadores” abrangendo todos os tripulantes da ilha do Pico, das “Lanchas de passageiros” dos “Barcos do Pico”, e de “Pesca”, erigindo um monumento na “Fronteira”, adjacente ao actual Porto da Madalena, local privilegiado pela sua amplitude.
Maio 2002
Francisco A. Medeiros.
* - O "Canal" a que se refere o autor, é o braço de mar, que separa a ilha do Pico, com a ilha do Faial. Conhecido e temido por ser tempestuoso, deu título a um livro do escritor terceirence, Vitorino Nemésio, publicado em 1949.
Leia mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mau_Tempo_no_Canal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitorino_Nem%C3%A9sio
O Mestre José Medeiros da Rosa Júnior, falecido no mês findo (abril 2002) na Cidade da Horta.
Como ele disse um dia, com um pouco de humor atravessou o canal em “cinquenta mil viagens”, muitas delas, em más condições de mar, quase atingindo o limite da segurança, para transportar doentes em risco de vida, para o hospital da Horta.
Foi numa “Terça-feira do Espirito Santo” há quatro ou cinco anos, no adro da Igreja de Santa Maria Madalena, que me contou, uma autentica odisseia com a lancha “CALHETA”, para retirar de bordo de um navio estrangeiro, um doente em risco de vida, num dia que não foi possível atravessar o Canal, em virtude, do mau tempo do Noroeste ter “tapado” os portos da “Fronteira”.
Acompanhado de um interprete, conseguiu pela rádio, dar indicações ao Comandante, para este posicionar o navio da melhor forma, para retirar de bordo o doente, tendo a tentativa sido coroada de êxito, com o desembarque do doente amarrado a uma maca .
Antes da Construção do actual Porto da Madalena, que veio melhorar as condições de embarque e desembarque de passageiros em segurança, após cinco séculos do povoamento desta ilha, as lanchas do Pico, recorriam não só aos portos da “Fronteira”; Madalena, Areia Larga e Calhau, mas também aos Portos do Cais do Pico, São Mateus e Prainha do Galeão. Portos que pela dificuldade da sua praticabilidade, com mau tempo, fez dos tripulantes das lanchas do Pico, grandes marinheiros, muitos deles pela sua tenacidade, faziam-se ao mar com espirito de bem servir para salvar vidas, tornando-se autênticos heróis. Cabe aqui referir que nunca ficou por transportar para a Ilha do Faial, sempre que tempo o permitia, a qualquer hora do dia ou da noite, um doente que tivesse de ser atendido de urgência no Hospital da Horta.
Muitas “histórias” há para contar, acerca de barcos e marinheiros do “Canal”, algumas com sabor a odisseia trágico-marítima, onde homens de rija tempera, tisnados com o sal do canal, se tornaram mitos na arte de navegar que ainda hoje perduram na nossa memória.
O José Medeiros era um homem da “Fronteira”, nasceu na Areia Larga freguesia da Madalena na Ilha do Pico, a 6 de Fevereiro de 1933, duma família de pescadores, também ele, filho de mestre de “Canal” o Mestre José Medeiros da Rosa, quando as Lanchas eram propriedade dos Lourenços.
Ainda muito jovem, como os seus antepassados, enveredou pela vida do mar onde começou envolver-se na actividade de pescador aprendendo a conhecer e a lidar com o mar.
Durante 27 anos foi tripulante da Empresa das Lanchas do Pico, dos quais, os 3 primeiros como Motorista e os restantes como Mestre e algum tempo dos “Cruzeiros” da Empresa Transmaçor”, proprietária da Empresa das Lanchas do Pico.
Conta-se que numa dessas viagens a lancha “Espalamaca”, ao chegar debaixo de mau tempo ao Porto da Madalena, tendo como mestre o José Medeiros, este dirigiu-se ao Gerente Sr. João Quaresma dizendo:
- Ó Senhor João, as janelas do lado de estibordo da cabina de proa da “Espalamaca”, estão a meter água e os passageiros estão a queixar-se !
Ao que o Sr. João Quaresma respondeu:
- Ó José, as janelas das lanchas, se não metessem água ,as carreiras eram feitas com “Camionetas”.
O José Medeiros, encontrava-se na situação de reforma, e residia na Freguesia das Angustias da Ilha do Faial, tendo falecido após doença prolongada, no dia 21 de Abril findo, com 69 anos de idade.
É tempo de se começar a pensar em “Homenagear”, os MARINHEIROS ANÔNIMOS DA ILHA DO PICO, , que passaram e passam pelo “Canal”: e dele fizeram o seu local de trabalho: “Mestres” “Marinheiros” e “Pescadores” abrangendo todos os tripulantes da ilha do Pico, das “Lanchas de passageiros” dos “Barcos do Pico”, e de “Pesca”, erigindo um monumento na “Fronteira”, adjacente ao actual Porto da Madalena, local privilegiado pela sua amplitude.
Maio 2002
Francisco A. Medeiros.
* - O "Canal" a que se refere o autor, é o braço de mar, que separa a ilha do Pico, com a ilha do Faial. Conhecido e temido por ser tempestuoso, deu título a um livro do escritor terceirence, Vitorino Nemésio, publicado em 1949.
Leia mais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mau_Tempo_no_Canal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vitorino_Nem%C3%A9sio
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