Autor: Francisco Medeiros
A Mulher do Pico é a herdeira viva das mulheres que um dia aportaram a esta Ilha, há mais de 500 anos, para apoiar os seus companheiros.
Sempre animadas e cheias de fé, com o suor do seu rosto vergadas por vulcões, suportando todas as calamidades, ajudaram a transformar estas pedras negras em pão e garantiram a continuidade e o bem-estar daqueles que hoje vivem à volta da sua montanha.
Pode dizer-se que a Mulher do Pico foi aquela que ao longo dos séculos se moldou à natureza e características vulcânicas, da própria ilha.
Como mulher, esposa e mãe, trilogia que foi cumprida durante todas a etapas da sua vida, a Mulher do Pico, nunca desanimou e foi a base de sustentação do maior pilar do Mundo, a família.
A par com o homem na labuta do dia-a-dia, a Mulher do Pico percorreu milhares de quilómetros por veredas irregulares, entre currais de vinha e figueiras, cestos de uva e selhas à cabeça, qual bailarina, com o seu passo elegante, num palco imaginário tendo como cenário a montanha do Pico
Pote de água à cabeça, cesto de vimes com roupa no braço, lá ia ela a caminho da costa, onde lavava, enxugava e corava a roupa por cima das pedras negras e, de regresso a casa, trazia água dos poços de maré para os usos domésticos.
Desde os princípios do povoamento procura no mato a lenha com que coze os alimentos, faz o pão de cada dia e acende a lareira que aquece o lar nas noites invernosas.
A Mulher do Pico não tinha tempos livres: Usa o Tear para confeccionar o vestuário e agasalhos para toda a família. Tudo era aproveitado. Não existia trapo a que não fosse dado qualquer uso.
Quantas voltas dariam ao Pico os novelos de lã de ovelha transformados em meias e em peças de vestuário e os fios de linha transformados em peças de renda de rara beleza, pacientemente elaborados pela noite dentro, à luz da candeia?
Eram elas em casa que ensinavam aos seus filhos os Dons da Natureza, os bons costumes, o respeito pelos outros, incutindo-lhes ânimo e confiança sem medos.
Quantos dias e noites de angústia pois as carências eram tantas, para que os seus meninos dessem os primeiros passos na Ilha, mas também de muitas alegrias, ajudando-os a crescer, fortalecidos na harmonia de um lar sem complicações, na infância e juventude e, tornados adultos, cumprissem a sua missão como cidadãos do Mundo.
Muitas foram as limitações que superaram, que hoje, a séculos de distância, a memória dos homens não pode imaginar!
Hoje há de tudo, é mesmo ali ao lado e quem não quiser por o pé fora de portas, vem-lhes ter tudo a casa, mesmo aquilo que não presta e excede as nossas necessidades.
Vila de São Roque do Pico
Um Bom Ano
Janeiro 2010
xatinha@sapo.
Sempre animadas e cheias de fé, com o suor do seu rosto vergadas por vulcões, suportando todas as calamidades, ajudaram a transformar estas pedras negras em pão e garantiram a continuidade e o bem-estar daqueles que hoje vivem à volta da sua montanha.
Pode dizer-se que a Mulher do Pico foi aquela que ao longo dos séculos se moldou à natureza e características vulcânicas, da própria ilha.
Como mulher, esposa e mãe, trilogia que foi cumprida durante todas a etapas da sua vida, a Mulher do Pico, nunca desanimou e foi a base de sustentação do maior pilar do Mundo, a família.
A par com o homem na labuta do dia-a-dia, a Mulher do Pico percorreu milhares de quilómetros por veredas irregulares, entre currais de vinha e figueiras, cestos de uva e selhas à cabeça, qual bailarina, com o seu passo elegante, num palco imaginário tendo como cenário a montanha do Pico
Pote de água à cabeça, cesto de vimes com roupa no braço, lá ia ela a caminho da costa, onde lavava, enxugava e corava a roupa por cima das pedras negras e, de regresso a casa, trazia água dos poços de maré para os usos domésticos.
Desde os princípios do povoamento procura no mato a lenha com que coze os alimentos, faz o pão de cada dia e acende a lareira que aquece o lar nas noites invernosas.
A Mulher do Pico não tinha tempos livres: Usa o Tear para confeccionar o vestuário e agasalhos para toda a família. Tudo era aproveitado. Não existia trapo a que não fosse dado qualquer uso.
Quantas voltas dariam ao Pico os novelos de lã de ovelha transformados em meias e em peças de vestuário e os fios de linha transformados em peças de renda de rara beleza, pacientemente elaborados pela noite dentro, à luz da candeia?
Eram elas em casa que ensinavam aos seus filhos os Dons da Natureza, os bons costumes, o respeito pelos outros, incutindo-lhes ânimo e confiança sem medos.
Quantos dias e noites de angústia pois as carências eram tantas, para que os seus meninos dessem os primeiros passos na Ilha, mas também de muitas alegrias, ajudando-os a crescer, fortalecidos na harmonia de um lar sem complicações, na infância e juventude e, tornados adultos, cumprissem a sua missão como cidadãos do Mundo.
Muitas foram as limitações que superaram, que hoje, a séculos de distância, a memória dos homens não pode imaginar!
Hoje há de tudo, é mesmo ali ao lado e quem não quiser por o pé fora de portas, vem-lhes ter tudo a casa, mesmo aquilo que não presta e excede as nossas necessidades.
Vila de São Roque do Pico
Um Bom Ano
Janeiro 2010
xatinha@sapo.
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