Autor: Francisco Medeiros
O Porto Baleeiro do Comprido, na parte Oeste da Ilha do Faial foi a maior estação baleeira e a mais produtiva na caça à baleia do Arquipélago dos Açores.
Até ao ano 1957, durante a Campanha de Verão, os baleeiros alojavam-se em casas construídas em pedra cobertas de palha de trigo a que chamavam palhotas. Na rampa do porto varavam cerca de 20 botes baleeiros, pequenas embarcações de pesca e na sua pequena baia ancoravam 7 lanchas baleeiras a motor.
Parte destas embarcações, pertenciam às Armações baleeiras Reunidas, do Cais do Pico, Ilha do Pico, que por falta de baleias no Canal Pico/S. Jorge , baleavam de parceria com as Armações do Faial que também para ali se deslocavam.
Para se fazer uma ideia em 1945 os botes daquela estação caçaram 67 baleias, que produziram 180 toneladas de óleo, vendidos a 4$00 o quilo.
Por aquela estação baleeira, passaram os mais afamados, oficiais, trancadores e mestres baleeiros do Pico e do Faial.
Para mencionar alguns. recordo-me de José Brum, mais conhecido por José Batata que baleou no Capelo 22 anos, o irmão deste, Francisco Brum de Simas, o Pé Leve, nascidos na Ribeira do Meio; os filhos deste o João Pé Leve que foi mestre da lancha Garota e o Alberto Pé leve.
Do Cais do Pico O António Joaquim Madruga pai e filho, Os irmãos, António e Manuel Fula, este com 6 filhos todos baleeiros; dos quais o José Fula, também oficial, fez a proeza de caçar 4 baleias num só dia, o Manuel Fula que foi mestre de lancha baleeira ; Os mestres José Caneca e os filhos João que foi maquinista e o José também oficial baleeiro; O Manuel Peixe Rei ; Os Januários, oficiais e trancadores estes também proprietários de armação baleeira; Os Cristianos, mestres e maquinistas ; Os Aldeias, com destaque para o Tomé Carapinha que foi trancador, oficial e mestre de lancha.Os Bispos, O João que foi mestre de lancha, o Edmundo maquinista , o António que foi o último trancador do Cais do Pico, e o José remador.
Do Faial os Serpas da freguesia das Angústias, João Serpa, pai e os filhos Mário e Jaime Serpa, este também com descendência de baleeiros tinham o alcunha de Cabritos, de onde saíram um mestre de lancha e trancadores; O Mestre Manuel Santa Barbara, oficial baleeiro de que foi seu trancador um dos grandes baleeiros do Faial, o José de Jesus conhecido pelo José Rofino, que terá sido o último oficial a exercer a actividade baleeira na Ilha do Faial.
Por ali passaram muitos outros do Pico e Faial que não conheci: Mestre João Lelé, Mestre João Maurício e outros das Lajes e das Ribeiras do Pico.
Muitos outros baleeiros do Cais do Pico, se deslocavam para o Capelo, acompanhados da família: Lavavam as suas embarcações de pesca, para ali pescarem e quando tempo não estava de feição pescavam na costa, vendiam o peixe na freguesia do Capelo ou salgavam-no para trocar por milho. Outros ajudavam os agricultores daquele freguesia, muitos deles também baleeiros. As carências eram tantas que estavam sempre preparados para a sua sobrevivência.
Como disse o Poeta tinham sempre -um pé em Terra outro no Mar. Quando regressavam no fim da campanha já traziam o milho, para sustento da família.
Recordo-me de um oficial Baleeiro, o Luisinho, de pequena estatura natural e residente no Capelo. Vinha à cidade com frequência. Certo dia na taberna do João de São Mateus junto ao Canto da Doca ali junto à Igreja das Angustias no Faial, o José Cardoso, oficial baleeiro, homem forte, que também estacionou no Porto do Comprido, convidou o Luisinho para tomar um copo, ao chegar perto do balcão agarrou-o pela roupa com uma só mão e sentou-o em cima do balcão.
Nas vigias de baleia do Costado da Nau, sobranceiras ao Farol dos Capelinhos que apoiavam os baleeiros do Porto do comprido, passaram muitos vigias de grande fama. O Izaias, o Rosairinha, os Caldeiras , o António Jezinho, João Lúcio e muitos outros.
Na madrugada do dia 27de Setembro de 1957, com a terra balançando continuamente, os vigias de baleia do Costado da Nau, a escassos metros acima do Farol, notaram o oceano revolto a meia milha da costa, para os lados de oeste. Desceram dos Costado da Nau pela última vez, alertaram os faroleiros e os baleeiros estacionados no Porto do Comprido ali próximo. Tinha-se extinguido a maior Estação Baleeira do Arquipélago dos Açores.
O mar entrava em ebulição e havia cheiros fétidos. O Vulcão dos Capelinhos tinha entrado em actividade.
Até ao ano 1957, durante a Campanha de Verão, os baleeiros alojavam-se em casas construídas em pedra cobertas de palha de trigo a que chamavam palhotas. Na rampa do porto varavam cerca de 20 botes baleeiros, pequenas embarcações de pesca e na sua pequena baia ancoravam 7 lanchas baleeiras a motor.
Parte destas embarcações, pertenciam às Armações baleeiras Reunidas, do Cais do Pico, Ilha do Pico, que por falta de baleias no Canal Pico/S. Jorge , baleavam de parceria com as Armações do Faial que também para ali se deslocavam.
Para se fazer uma ideia em 1945 os botes daquela estação caçaram 67 baleias, que produziram 180 toneladas de óleo, vendidos a 4$00 o quilo.
Por aquela estação baleeira, passaram os mais afamados, oficiais, trancadores e mestres baleeiros do Pico e do Faial.
Para mencionar alguns. recordo-me de José Brum, mais conhecido por José Batata que baleou no Capelo 22 anos, o irmão deste, Francisco Brum de Simas, o Pé Leve, nascidos na Ribeira do Meio; os filhos deste o João Pé Leve que foi mestre da lancha Garota e o Alberto Pé leve.
Do Cais do Pico O António Joaquim Madruga pai e filho, Os irmãos, António e Manuel Fula, este com 6 filhos todos baleeiros; dos quais o José Fula, também oficial, fez a proeza de caçar 4 baleias num só dia, o Manuel Fula que foi mestre de lancha baleeira ; Os mestres José Caneca e os filhos João que foi maquinista e o José também oficial baleeiro; O Manuel Peixe Rei ; Os Januários, oficiais e trancadores estes também proprietários de armação baleeira; Os Cristianos, mestres e maquinistas ; Os Aldeias, com destaque para o Tomé Carapinha que foi trancador, oficial e mestre de lancha.Os Bispos, O João que foi mestre de lancha, o Edmundo maquinista , o António que foi o último trancador do Cais do Pico, e o José remador.
Do Faial os Serpas da freguesia das Angústias, João Serpa, pai e os filhos Mário e Jaime Serpa, este também com descendência de baleeiros tinham o alcunha de Cabritos, de onde saíram um mestre de lancha e trancadores; O Mestre Manuel Santa Barbara, oficial baleeiro de que foi seu trancador um dos grandes baleeiros do Faial, o José de Jesus conhecido pelo José Rofino, que terá sido o último oficial a exercer a actividade baleeira na Ilha do Faial.
Por ali passaram muitos outros do Pico e Faial que não conheci: Mestre João Lelé, Mestre João Maurício e outros das Lajes e das Ribeiras do Pico.
Muitos outros baleeiros do Cais do Pico, se deslocavam para o Capelo, acompanhados da família: Lavavam as suas embarcações de pesca, para ali pescarem e quando tempo não estava de feição pescavam na costa, vendiam o peixe na freguesia do Capelo ou salgavam-no para trocar por milho. Outros ajudavam os agricultores daquele freguesia, muitos deles também baleeiros. As carências eram tantas que estavam sempre preparados para a sua sobrevivência.
Como disse o Poeta tinham sempre -um pé em Terra outro no Mar. Quando regressavam no fim da campanha já traziam o milho, para sustento da família.
Recordo-me de um oficial Baleeiro, o Luisinho, de pequena estatura natural e residente no Capelo. Vinha à cidade com frequência. Certo dia na taberna do João de São Mateus junto ao Canto da Doca ali junto à Igreja das Angustias no Faial, o José Cardoso, oficial baleeiro, homem forte, que também estacionou no Porto do Comprido, convidou o Luisinho para tomar um copo, ao chegar perto do balcão agarrou-o pela roupa com uma só mão e sentou-o em cima do balcão.
Nas vigias de baleia do Costado da Nau, sobranceiras ao Farol dos Capelinhos que apoiavam os baleeiros do Porto do comprido, passaram muitos vigias de grande fama. O Izaias, o Rosairinha, os Caldeiras , o António Jezinho, João Lúcio e muitos outros.
Na madrugada do dia 27de Setembro de 1957, com a terra balançando continuamente, os vigias de baleia do Costado da Nau, a escassos metros acima do Farol, notaram o oceano revolto a meia milha da costa, para os lados de oeste. Desceram dos Costado da Nau pela última vez, alertaram os faroleiros e os baleeiros estacionados no Porto do Comprido ali próximo. Tinha-se extinguido a maior Estação Baleeira do Arquipélago dos Açores.
O mar entrava em ebulição e havia cheiros fétidos. O Vulcão dos Capelinhos tinha entrado em actividade.
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Comentários por email, inerentes a este artigo:
Helena Morais (São Jorge)
Foi com muita pena que li o JP de 5 de Fevereiro (cronicas do cais). Sou filha e neta de Baleeiros da Ilha de S.Jorge das Velas e quando o Vulcão dos Capelinhos entrou em actividade, o meu Pai também por lá andava, na mesma companhia baleeira que os do Cais do Pico e nem deles se dignou falar. Talvez um dia alguem se lembre deles.
Comprimentos de uma natural de S.Jorge.
Comentários por email, inerentes a este artigo:
Helena Morais (São Jorge)
Foi com muita pena que li o JP de 5 de Fevereiro (cronicas do cais). Sou filha e neta de Baleeiros da Ilha de S.Jorge das Velas e quando o Vulcão dos Capelinhos entrou em actividade, o meu Pai também por lá andava, na mesma companhia baleeira que os do Cais do Pico e nem deles se dignou falar. Talvez um dia alguem se lembre deles.
Comprimentos de uma natural de S.Jorge.
Resposta do autor:
-É sempre bom saber que, há alguém, que nos lê.
Pela Estação Baleira dos Capelinhos, no Porto do Comprido, passaram centenas de baleeiros, do Pico e do Faial.
Como refere, na sua mensagem, também muitos de S. Jorge. Pelo que agradeço a sua informação, que será preciosa para futura referência na caça à baleia.
Na minha crónica, procurei referir aos que conheci e que tinham um maior número de familiares, que viviam quase exclusivamente da caça à baleia.
É possivel que tenha conhecido os seus familiares, pois as matriculas das baleeiras dos Cais do Pico passavam todas pela minha mão, quando exerci funções na Delegação Maritima do Cais do Pico.
Se possivel, gostaria de saber quantos familiares seus exerceram a caça à baleia, os nomes e as categorias!
Muito obrigado pela sua mensagem.
Francisco Medeiros (Ex-cabo de mar do Cais do Pico)
Pela Estação Baleira dos Capelinhos, no Porto do Comprido, passaram centenas de baleeiros, do Pico e do Faial.
Como refere, na sua mensagem, também muitos de S. Jorge. Pelo que agradeço a sua informação, que será preciosa para futura referência na caça à baleia.
Na minha crónica, procurei referir aos que conheci e que tinham um maior número de familiares, que viviam quase exclusivamente da caça à baleia.
É possivel que tenha conhecido os seus familiares, pois as matriculas das baleeiras dos Cais do Pico passavam todas pela minha mão, quando exerci funções na Delegação Maritima do Cais do Pico.
Se possivel, gostaria de saber quantos familiares seus exerceram a caça à baleia, os nomes e as categorias!
Muito obrigado pela sua mensagem.
Francisco Medeiros (Ex-cabo de mar do Cais do Pico)
Helena Morais (São Jorge)
Obrigada pela sua resposta sr. Medeiros. O meu Avô, era mestre da lancha, o nome dele era Manuel Dias. O meu Pai foi marinheiro do barco, trancador e até chegou ser mestre da lancha. O seu nome era Amaro Carvalho Medeiros, o irmão dele era o oficial do bote em que ele andava se chamava João. Já todos falecidos! O Pai do meu Pai, tambem era baleeiro. Morreu novo. Nem o conheci. Também se chamava Amaro Carvalho de Medeiros. O meu tio Eurico também foi trancador. Também já faleceu e outros parentes com a mesma arte que eu ja nem conheci, talvez o senhor tenha conhecido algum deles.
Continue a escrever e a dar a conhecer, como era nesse tempo.
Mais uma vez muito obrigada pela sua resposta
Comprimentos
Helena
diHITT - Notícias
Obrigada pela sua resposta sr. Medeiros. O meu Avô, era mestre da lancha, o nome dele era Manuel Dias. O meu Pai foi marinheiro do barco, trancador e até chegou ser mestre da lancha. O seu nome era Amaro Carvalho Medeiros, o irmão dele era o oficial do bote em que ele andava se chamava João. Já todos falecidos! O Pai do meu Pai, tambem era baleeiro. Morreu novo. Nem o conheci. Também se chamava Amaro Carvalho de Medeiros. O meu tio Eurico também foi trancador. Também já faleceu e outros parentes com a mesma arte que eu ja nem conheci, talvez o senhor tenha conhecido algum deles.
Continue a escrever e a dar a conhecer, como era nesse tempo.
Mais uma vez muito obrigada pela sua resposta
Comprimentos
Helena
diHITT - Notícias
Bom dia, Sr Medeiros gostava de saber se por acaso conheceu um baleeiro de nome ludgero dutra vivia nas angustias no bairro das pedreiras no faial.
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