Autor: Francisco Medeiros
Li quase sem parar
o livro de Manuel Paulino Costa, U-Boats
nos Mares dos Açores – Batalha do
Atlântico 1939-1945.
O livro descreve
uma parte da História do Pico e Faial, de uma maneira muito particular, a Ilha
do Faial pela importância do seu Porto artificial, onde foi instalada uma base
naval Inglesa de apoio aos navios aliados que cruzavam o Atlântico Norte.
O Porto da Horta
está por isso intimamente ligado à História da II Guerra Mundial.
Vivi na Horta e nos
últimos dois anos da Guerra, de certa forma tomei parte na atividade que se
desenvolvia no seu Porto, muitas vezes cheio de navios. Veio-me à memória
aquele fervilhar de gentes, uma época alta no
desenvolvimento económico da ilha, com destaque para o todo comércio local.
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U-boat 14 "O lobo solitário" |
Repararam-se
centenas de navios, alguns com avarias resultantes de ataques em operações de
guerra.
Corveta Chanticleer, ao largo do Pico |
Do relato de frotas
envolvidas na Batalha do Atlântico, durante a II Guerra Mundial, Manuel Paulino
tem pormenores que não conhecia do salvamento de um tripulante Alemão, dum
submarino afundado ao largo da freguesia da Candelária da Ilha do Pico. Este
contato entre picarotos e submarinos alemães relembrou-me outras histórias que
me contaram.
Até à metade da década
de 50 do século passado, o óleo de baleia era carregado em bidons para o estrangeiro
através do Continente, mas após a Segunda Guerra Mundial, passou a ser
carregado diretamente para o estrangeiro em navios tanque. Para isso foi
instalada uma linha de tubos [pipe-line], montados sobre pequenas jangadas
flutuantes, que se podem observar no Museu da Indústria da Baleia. Idêntico
procedimento foi levado a efeito em Santa Cruz das Flores e nas Lages do Pico. Quando
cheguei ao Cais do Pico e assumi as funções de prático do Porto, em Janeiro de
1960, amarrei vários navios junto à Rampa da Fábrica das Armações Baleeiras
Reunidas, Ltdª. para mais facilmente carregar óleo de baleia.

Toda esta manobra
foi presenciada por muitas pessoas entre as quais muitos marítimos, a quem
causou admiração, dado que se tratava de uma manobra que requeria conhecimento
de fundos e baixios!
Contou-me o José
Cristiano que, depois do navio estar amarado, perguntou ao Comandante do seu à
vontade ao fazer a manobra, tendo tido como resposta que durante a Segunda
Guerra, era oficial de um Submarino que tinha fundeado na Baía várias noites
para descanso da tripulação e por isso conhecia muito bem a baía.
Uma outra
aproximação de um Submarino, deu-se junto à costa da freguesia Candelária na marca
onde as embarcações de pesca do Porto do Calhau, durante o dia e
noite pescavam aos chernes.
Contou-me meu
sogro, António Garcia Goulart, mais conhecido por Mestre António do Calhau, que
durante a Guerra estava no seu barco à pesca, quando um dos pescadores que
estava com ele disse: Está ali o caixote por cima do mar. Puseram-se todos de
pé a olhar e repararam que caixote fazia reflexo do Sol. Um deles disse, vamos
ali ver o que é mas quando se preparavam para se aproximar do caixote, este
começou a andar para fora com certa velocidade fazendo um risco à superfície do
mar acabando por desaparecer.
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O Livro de Manuel
Paulino Costa é mais uma obra que muito contribui para o reavivar de memórias e
um contributo importante para a História destas Ilhas e da sua ligação à II
Guerra Mundial!
Vila de São Roque
do Pico
Outubro de 2012
Nota do WebMaster David Avelar - Eu e meu primo Francisco Medeiros, compartilhamos pela mesma fascinação pelo mar e tudo o que flutua ou submerge. O filme "Caçada a Outubro Vermelho", o clássico protagonizado pelo ator Sean Connery, é um exemplo. Eu já assisti umas 20 vezes, sem exagero.
