Autor: * Francisco Medeiros
O Porto do Calhau situado no Lugar do Monte, na
freguesia da Candelária do concelho da Madalena na Ilha do Pico nos Açores, até
à década de 50 do século passado, servia uma população desde o lugar do Campo
Raso até ao Lugar do Monte de Baixo da mesma freguesia. Segundo Gaspar Frutuoso, as
únicas freguesias existentes na “Fronteira“ eram a Madalena e São Mateus esta
criada em 1580 com uma população muito dispersa entre matos com 364 habitantes
vivendo em 52 fogos. A freguesia da Candelária não existia.

Curioso é que atualmente
na matriz predial rútica do concelho da Madalena e referente à freguesia da
Candelária há um sítio do cabeço do Ruivo, próximo da zona onde se
situa o Porto do Calhau.
Em 1645 segundo Frei Diogo das Chagas já existia a
freguesia da Candelária, e em 1690, segundo Frei Agostinho de Montalverne com
273 habitantes em 71 fogos.
Segundo Norberta Amorim a freguesia da Candelária em
1831 terá atingido os 2258 habitantes, talvez o maior número de sempre até
agora registado.
O Porto do Calhau servindo aquelas duas freguesias
Candelária e São Mateus, chegou a possuir três barcos que atravessavam o Canal
transportando mercadorias: Para o Faial madeiras, lenha para queimar, vinhos e
aguardentes e muita fruta; Para o Pico, bens de consumo, milho e farinha e
outros.
Foi ainda um porto de pesca em cuja rampa de varagem
chegou a ter cerca de 20 embarcações de pesca, que forneciam peixe às
populações da freguesia.
Durante o Verão no Porto do Calhau tinha um certo
movimento, para ali convergiam muitos passageiros e mercadorias.
No Inverno com ventos e mar do Quadrante Nordeste,
antes e depois de reparado, o Porto do Calhau servia recurso às lanchas do Pico
quando o Porto da Madalena se tornava impraticável!
O Porto do Calhau, serviu ainda de apoio uma
Industria de peixe Gata, do qual
depois de laborado se extraia o peixe que era salgado e seco ao sol, a pele lixa e o óleo dos fígados que eram
exportados para o Continente e para o estrangeiro. As Traineiras da safra do
Atum também ali descarregavam o peixe com destino à Fábrica da Cofaco,
na Areia Larga no Concelho da Madalena.
No final da década de 50 do século passado, a
Direção Geral dos Serviços Hidráulicos, estabelece uma Delegação na Ilha do
Faial, chefiada pelo Engenheiro Corbal Hernandez, e em 1954 iniciam-se a grandes
reparações em três Portos do Pico:
Porto do Calhau que se tornou numa obra de grande
volume. O cais acostável, foi todo construído de novo, construíram-se muros de
abrigo ao cais e a rampa de varagem de embarcações foi toda calcetada.
No Cais do Pico, foi reparado o cais acostável,
construiu-se o muro de defesa do varadouro e acesso ao Porto.
Na Calheta do Nesquim, construiu-se o cais
acostável, e muro de resguardo e a rampa de varagem para embarcações.
O Porto do Calhau, ficou concluído à cerca de
sessenta anos! Precisa de uma intervenção profunda no seu piso!
Muito aguentou com o mar do Oeste quando rebentava
na baixa do Canal e se atirava por terra dentro.
O Seu varadouro necessita de uma reparação e muro de
defesa do lado Norte do varadouro, necessita ser reconstruido pelo menos 10
metros a partir do HZ
Da Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo
Setembro de 2012
* Francisco Medeiros é autor do livro “Homens de Olhos Encovados & Outras
Estórias de Homens do Mar”Saiba mais...
