Crônicas, contos e narrativas do passado, de gente que vive na ilha do Pico, ou estão espalhadas pelo mundo e tem muitas estórias para contar. Mande seu conto.

segunda-feira, 23 de março de 2009

CRONICA DE UMA ODISSEIA NA CAÇA À BALEIA


Autor: Francisco Medeiros

Gabriel de Cunha Santos, tinha o alcunho de “O Rato”. Nasceu em Santa Cruz na Ilha Graciosa, em 1925. Foi baleeiro muitos anos e possuía carta de trancador e de arrais, do tráfego local. Nesta qualidade, foi mestre da lancha da baleia “Estefânia Correia”, construída na Vila das Velas pelo Mestre Gambão e registada na pesca da baleia em Santa Cruz da Graciosa.
No fim do verão do ano de 1950, do século passado, apareceu um cardume de baleias a cerca de 20 milhas ao Norte da Ilha Graciosa.
Lanchas e botes da armação baleeira da ilha rumaram para o local do avistamento. Todas as manobras inerentes, se passam na caça, o esforço do produto da arreada, após de mais um dia como tantos outros, saldou-se em duas baleias. Após as operações de anos de experiência, as baleias foram preparadas para o reboque, tendo os botes regressado à Ilha Graciosa.
Estava-se a meio da tarde daquele dia, Amarradas as baleias à lancha “Estefânia Correia”, que se encontrava no arraial, deu-se inicio ao reboque das baleias com destino à fábrica da baleia do Cais do Pico, a norte da ilha do Pico.
Pela tarde fora daquele dia, o Sol foi desaparecendo e com ele uma aragem de sudoeste, foi aumentando de intensidade com vento e mar que foi aumentando com altas vagas de mar, que lhes dificultava a manobra, obrigando à redução da velocidade da lancha. Mestre Gabriel chamou o motorista Vivaldo Silva também natural daquela Ilha, e resolveram aumentar o comprimento do cabo de reboque que lhes facilitou melhor manobra e consequente velocidade.
Com o rumo à Ilha de São Jorge tendo o farol da Ponta do Rosais, por estibordo, a visibilidade era bastante reduzida, dado que começaram a ser fustigados por aguaceiros e mar, pela proa. Foram-se aproximando desta ilha, para lhes dar abrigo rumando, ao que lhes parecia, para próximo das fajãs do Norte, onde permaneceram por largo tempo junto à costa.
Com o vento e mar tivessem abrandado, com receio de que rondasse para noroeste, resolveram continuar, tendo passado a Ponta dos Rosais, com muito mar tendo arribado, até Baia das Arraias, perto do Morro das Velas, onde se abrigaram.
Em terra, tanto na Graciosa, como no Cais do Pico, a lancha foi dada como desaparecida em virtude de não haver noticias dos seu avistamento, até que, no segundo dia de manhã, o faroleiro João Raulino do Farol da Ponta dos Rosais, para onde tinha sido pedido ajuda, informou à fábrica do Cais do Pico, que a lancha se encontrava ali naquela baia, para onde seguiu uma traineira da pesca do atum, mandada pelo armador António Tavares de Melo. para lhe prestar auxilio e rebocar as baleias.
Esta história foi-me contada pelo Gabriel Cunha, aqui no Cais do Pico, onde se encontrava de visita, em Agosto de 2004.
Gabriel da Cunha Santos, emigrou para os Estado Unidos Unidos, com a família, bem como o motorista Vivaldo Silva.
A lancha “Estefânia Correia” foi mais uma daquelas, que por esse Arquipélago fora, supriram a falta de hospitais, pois transportou muitos doentes daquela Ilha, para o Hospital da Ilha Terceira.

diHITT - Notícias

Nenhum comentário:

Postar um comentário