Crônicas, contos e narrativas do passado, de gente que vive na ilha do Pico, ou estão espalhadas pelo mundo e tem muitas estórias para contar. Mande seu conto.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O PICO CHEIO DE GENTE POR TODOS OS LADOS Verão de 2010


Autor:Francisco Medeiros
Com as festas de Verão o Pico enche-se de gente por todos os lados. Eles vêm dos quatro cantos do mundo, para rever parentes e amigos, trazendo consigo as malas cheias de saudades.
Muitos vêm pagar promessas, sabe Deus em que circunstâncias foram prometidas, a Santa Maria Madalena, ao Bom Jesus e à Senhora de Lurdes. Muitos dos que emigraram, especialmente os que com numerosa prole e agregados familiares mais numerosos conseguiram dar aos filhos uma melhor forma de vida mas foram enraizando, o tempo passando e a sua origem foi-se esfumando e nunca mais voltaram. Houve mesmo muitos que perderam a sua identidade. O Canadá e os Estados Unidos estão tão evoluídos que as pessoas quando lá chegam mudam de nome, tornam-se desconhecidos, adquirem nomes que não nos dizem nada.
Tenho tido contactos com alguns que já não têm parentes próximos por cá e a sua descendência já vai na terceira geração. Por isso, já não vêm porque os laços que os unem por lá são difíceis de cobrar. Se fosse ali ao lado, ou na ilha em frente, é possível que os visse-mos por cá mais amiúde.
Depois, há os fretes caríssimos, as arrelias de voos atrasados e um sem número de dificuldades e a falta de informação.
Há os de outros mundos, que vêm por aí abaixo, pela curiosidade, de variar os itinerários de férias, depois de um ano de trabalho afogado, nas grandes cidades, pela poluição, que teima em aumentar e sufocar aqueles que teimosamente tentam resistir. E, coisa curiosa, grande parte deles, talvez centenas, aproveitam os barcos de ver baleias e golfinhos e vão para o meio do mar em volta destas ilhas, onde as águas límpidas e a poluição não existe mesmo, como que a fugir duma chaga que já não retorna.
Não só o Pico mas todas as Ilhas do Arquipélago, há períodos, em que se sentem as quatro estações num só dia. É uma característica muito peculiar nestas Ilhas, cujos fenómenos climatéricos vêm sempre de Oeste para Leste com uma precisão quase matemática e isto durante o Inverno porque no Verão, embora a montanha se cubra de nuvens, ou com os seus característicos chapéus, nunca vem o que mostra.
No Inverno sim! O Pico o que nos mostra vem de certeza e a Nuvem da Prainha não engana ninguém.
Mesmo assim, no Outono e Inverno nos últimos anos, têm vindo ao Pico muitas excursões, dos estrangeiros e do continente Português, de grupos etários mais avançados, que por aqui vêm e têm tido a sorte de apanhar quadras de bom tempo e podem apreciar as Ilhas e a Montanha.
Vila de S. Roque do Pico
Agosto de 2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário